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Trilha do Morro do Açu




A minha primeira caminhada pelo Açu- Sino foi em 1982. Essa travessia, localizada no PARNASO - Parque Nacional da Serra dos Órgãos, é uma das mais belas trilhas do Brasil. Muito jovem, naquela época com 25 anos, fizemos toda a travessia entre os Morros do Açu, em Petrópolis e a Pedra do Sino, em Teresópolis em dois dias. Veja os mapas:




O PARNASO é uma unidade de conservação situada no maciço da Serra dos Órgãos, abrangendo os municípios de Guapimirim, Magé, Petrópolis e Teresópolis. É aberto para visitação permanente. É administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Normalmente de Maio a Setembro é utilizada por aventureiros de toda parte do mundo (cerca de 160 mil visitantes/ano) buscando o contato direto com a natureza. O principal roteiro é a Travessia Petrópolis-Teresópolis, que exige três dias e é considerada a caminhada mais bonita do Brasil.

O nome do parque deriva da semelhança dos picos da serra com os tubos de órgãos de igreja, surgindo daí o nome Serra dos Órgãos.



O PARNASO foi criado em 30 de novembro de 1939 como o terceiro Parque Nacional do Brasil. O objetivo do Parque era proteger as cabeceiras dos rios que correm para a bacia fluminense e suas montanhas espetaculares. O Parque foi criado pelo governo de Getúlio Vargas.


“Para contemplar o exuberante pôr do sol no Morro do Açu o caminhante deve entrar pela portaria do Parque Nacional da Serra dos Órgãos em Petrópolis, situada a 1.125 metros de altitude. Após percorrer uma forte subida até cerca de 2.200 metros, chega-se aos Castelos do Açu, um dos pontos culminantes do parque. Logo no início da trilha o caminhante passa por lindos poços, cachoeiras e mirantes com belas paisagens. Ao final deste dia de caminhada o visitante pode pernoitar em um abrigo de montanha, equipado de cozinha, camas e água quente, ou em uma área de camping ao lado dos castelos. Ficha técnica:

Percurso: 8KM

DIFICULDADE: PESADO

Tempo: 6 HORAS (IDA).” Site do PARNASO.


Em agosto de 2016, juntamente com o meu filho e a minha companheira de aventuras, minha mulher, fizemos a caminhada até o Morro do Açu. Desta vez, já havia uma infraestrutura de apoio logístico bem melhor. Quando subi em 1982 ainda não havia o abrigo no Morro do Açu e dormimos nas grutas que são formadas pelos Castelos do Açu:




Além disso, lembro que passei um frio “da gota”, “arretado” em linguagem nordestina, pois não levei saco de dormir e achei que só uma roupa mais agasalhada resolveria. Ledo engano! Não dormi quase nada. Pior ainda que levamos conhaque e na tentativa de esquecer (e aquecer) o frio, secamos as garrafas. Na hora a gente sente a sensação que o corpo esquenta, mas depois é o contrario e a bebida alcoólica retira calor do corpo. Veja a explicação do site cisa.org.br:


"É comum as pessoas acreditarem que o consumo de álcool é útil durante as estações mais frias para ajudar o corpo a se esquentar. Mito ou verdade? Mito. Apesar de parecer que o corpo está mais quente, o que acontece é um desvio de calor de órgãos vitais para a região mais superficial. Ao consumir bebidas alcoólicas ocorre vasodilatação, em que mais sangue e calor são levados à pele e extremidades, com a consequente elevação da sensação térmica. Dessa forma, acredita-se que houve aquecimento, mas o calor é facilmente dissipado, não apenas pela própria vasodilatação, mas pelo comportamento da pessoa, que ao perceber o aumento de calor, se desprotege e se expõe mais ainda ao frio."


Entretanto, a partir da construção do abrigo pelo Parque em 2010, a vida dos caminhantes ficou mais facilitada. Principalmente pelo conforto que o abrigo proporciona em noites muito frias do inverno. Além de aliviar o peso da mochila, pois não precisamos levar barraca, fogão de campanha, etc. Fora que no abrigo a gente pode fazer um rango quentinho e melhor ainda, na ocasião pudemos tomar uma ducha quente.


Este é o mapa da subida do Açu:

Reparando alguns marcos da subida no mapa abaixo, lembramos que no carnaval de 2015, se não falhou a memória, eu e a minha mulher tentamos em vão fazer a subida pela primeira vez. Estávamos hospedados na Pousada Paraíso Açu, que fica muito próxima ao portão de entrada do PARNASO.



Planejamos subir e descer no mesmo dia e a pousada até nos forneceu um catanho (lanche) caprichado. Acordamos bem cedo, mas o tempo estava muito feio, São Pedro não ajudou e acabamos desistindo. Ainda bem, pois fazer a trilha de ida e volta no mesmo dia é só pra os mais jovens, mesmo!

Na minha aventura de longos anos atrás, começamos a caminhada no centro de Correias, pois fomos de ônibus do Rio até lá e subimos o Açu no Sábado. No Domingo fizemos a travessia até o Sino e descemos já à noite para Teresópolis. Muito mais rápido do que o habitual, normalmente feito em três dias, os aproximadamente 30 km. Mas a aventura de passar ao lado do Dedo de Deus, nunca mais saiu da cabeça e o de rever aquele cenário, também.

Nessa viagem do carnaval, eu e a Carla subimos somente até a cachoeira Véu da Noiva. A melhor época para a realização da travessia é entre os meses de Maio a Setembro. Nessa época o tempo é mais seco, o clima mais agradável, o céu mais azul e também possui a melhor visibilidade do ano.

Vale lembrar que é possível fazer a travessia durante todo o ano, porém no verão o risco de tempo ruim é maior, incluindo chuvas fortes e tempestades. Como a gente tem que comprar os ingressos do Parque com muita antecedência, principalmente se a sua viagem for planejada para feriados ou fins de semana, provavelmente o tempo será um fator de sorte. Todas as minhas subidas foram nos meses citados, então não peguei tempo ruim.


No dia da trilha, você deve levar o voucher impresso (comprovante de compra) e um documento com o CPF informado na compra. Vale lembrar que os ingressos são pessoais e intransferíveis. Para comprar os ingressos acesse o site: http://parnaso.tur.br/

Escolha a data de ida, depois clique em “Trilha Desconto Brasil” e siga as instruções de pagamento.


Durante o caminho passamos por várias etapas e alguns pontos de descanso, que são: Véu da Noiva, Pedra do Queijo, Ajax, Izabeloca, Chapadão e Pedra da Tartaruga. Falaremos sobre eles, pois se tornaram pontos notáveis. São 8 km que podem ser feitos em 6h num ritmo tranquilo. Dependendo do proposito e do condicionamento físico, algumas pessoas fazem em menos de 4h. Encontramos atletas que passaram por nós correndo e soubemos que haviam feito a ida e volta em menos de 4 horas! Acredite!

Início do trekking:




Saímos cedo do Rio e cerca de 09:30 h estávamos estacionando o carro bem próximo à entrada do Parque em um estacionamento privado. Acho que a diária na época era de 20 reais.

Assim, por volta das 10 h iniciamos o trekking. Em torno de 40 minutos chegávamos à chamada Gruta do Presidente e ao seu lado, a cachoeira Véu da Noiva.



Muita gente vem só até aqui e regressa, como fizemos no carnaval de 2015. Quem gostava de fazer esse percurso era Getúlio Vargas, por isso a Gruta é chamada assim. Uma curiosidade maneira sobre o PARNASO é que já foi uma montanha luxuosa e na década de 1940 recebeu várias autoridades da República como Vargas, embaixadores e o Parque construiu o primeiro abrigo no Sino, chegando a ter um total de 250 funcionários. Aqui na Gruta, fizemos a primeira parada para um lanche e recarregar as energias.


Pesadas no início, as mochilas com as roupas de muda, os lanches, o jantar, o café da manhã do dia seguinte e o saco de dormir, aos poucos vão ficando mais leves, conforme consumimos os “snacks”. A dica é levar pouca coisa, pois senão a mochila que no inicio pesa em torno de 10 kg, pode se tornar um verdadeiro fardo conforme o cansaço vai batendo, mesmo descarregando a mesma aos poucos.

Lembre-se que o TODO o lixo retorna, então separe um saco plástico para ir juntando o seu próprio “garbage”. Nesta etapa do carnaval, o proprietário da pousada perguntou se nós havíamos visitado a Cachoeira das Andorinhas e respondemos que não. Para ele, um espetáculo! Dessa vez, em 2016, não perdemos a oportunidade e fomos conferir. Que maravilha! Apesar da agua estar um gelo, super valeu a pena, pois o cenário é cênico. Um show! A ‘cachu’ das Andorinhas fica atrás do Véu da Noiva e tem pouco volume d´água, mas o que faz a diferença é o poço em frente a ela... MUITO BONITO messsmo! Fotos das cachoeiras, sendo que o Véu estava sem volume d´água:





Seguimos então, em meio à mata fechada, subindo por uma trilha de aclive acentuado por cerca de 50 minutos até a Pedra do Queijo. Nessa parada, podemos apreciar a vista panorâmica para o Vale do Bonfim e os picos da Alcobaça, do Alicate e outras montanhas de Petrópolis. Fotos abaixo incluem o Mirante Graças a Deus:






Depois do descanso no Queijo, são mais uns 40 minutos de subida até um ponto conhecido como Ajax, onde encontramos uma parte mais plana e onde há um pouco de água corrente. A sugestão é uma parada por aqui, reabastecer e encarar o próximo trecho, justamente aquele que tem a subida mais íngreme. Esse trecho exposto ao sol é conhecido como Izabeloca. O nome é uma homenagem à Princesa Isabel que, muito antes de Getúlio, costumava vir até aqui, mas a cavalo.




Notou que no mapa topográfico acima, as curvas de nível estão mais próximas após o Ajax? Cada curva dessas representa 100 m de desnível e quando estão próximas significam que o mesmo é mais acentuado, mais íngreme na subida.


Chapadão:

Em nossa opinião, a parte mais difícil foi o Chapadão. É quando você já está lá no alto do morro, mas ainda precisa andar cerca de 50 minutos a 1 hora para chegar no abrigo. Foi engraçado, pois chegando aqui, disse pro JG e minha mulher que praticamente havíamos chegado ao final e que seria rapidinho... Minha memoria me enganou, pois faziam 34 anos desde a primeira vez que subi. Faltava muito chão ainda! Nessa parte, o cansaço lhe diz: não aguento mais!! Mas a cabeça comanda tudo e a gente segue perseverando, pois realmente faltava bem menos do que as seis horas iniciais, não é mesmo? E foi uma sensação muito gostosa a de avistar a Pedra da Tartaruga! Ali, sabíamos, era praticamente o final.

Enfim, chegávamos ao Castelo do Açu e seus 2.245 metros.










Hora do merecido descanso

Como dissemos, o abrigo facilita muito a nossa vida com camas, cozinha completa com fogão, panelas, talheres, banheiro e banho quente. Compramos com antecedência de uns três meses e estávamos com os nossos beliches reservados. É sensacional, pois como mencionamos, além de aliviar o peso da mochila, não precisamos levar barraca de acampar e afins. O abrigo possui três áreas distintas, com valores diferenciados. A área dos beliches é constituída de dois quartos, cada um com seis beliches, onde ficamos. A outra área de pernoite é chamada de bivaque e fica no segundo andar do abrigo. Você deverá levar o seu isolante térmico e/ou saco de dormir e utilizar o chão para deitar. A terceira área é externa e você poderá levar a sua barraca ou alugar as do abrigo. Todos podem usar as dependências da cozinha, banheiro, etc. O banho é comprado a parte e dura CINCO minutos, rigorosamente cronometrados. O guarda do abrigo toma conta e avisa que acabou. Mas são cinco minutos quentinhos que ficam na eternidade.

Conversando com o pessoal que trabalha lá, descobrimos que a rotina deles é bem excêntrica. Primeiro porque a cada 15 dias eles têm que fazer essa caminhada, já que trabalham em regime de quinzena. Segundo porque além de toda a comida que carregam para esses dias, ainda levam o botijão de gás do abrigo, no lombo. Se vc achava sua mochila pesada, esquece!







Chegamos ao abrigo, cerca de 16 h, exploramos o local e depois tomamos um banho quentinho antes do jantar! E que jantar. Nunca um miojo com salsichas e ovos cozidos caiu tão bem! Após a refeição, estávamos tão cansados que foi bater na cama e apagar. Levamos saco de dormir, pois a temperatura deveria estar em torno de 5 graus na madruga e foi uma delicia dormir quentinho, dentro do saco e numa cama.

Uma das atrações imperdíveis do Morro do Açu é o Pôr do Sol e/ou o Nascer do Sol. Como não pudemos curtir ao pôr, pois estava nublado, comentamos que poderíamos assistir ao nascer. Entretanto, o primeiro pensamento foi o de - ah não irei despertar às cinco da manhã nesse frrrriiiio. Mas aí ouvimos a barulheira do pessoal acordando para assistir ao nascer do sol e levantei para ir ao banheiro. Aproveitei e dando uma espiada para fora, vi que o tempo estava ótimo. Então, nos animamos e todos nós assistimos ao maravilhoso nascer do Sol... um espetáculo!!! Com o seu charme a mais, pois ele nasce entre as clássicas montanhas da Serra dos Órgãos. Entre elas a Agulha do Diabo, São João, Santo Antônio, Cabeça de Peixe, Dedo de Deus entre outras, como podemos ver nas fotos abaixo.








Dicas para subir o Morro Açú do site Mala de Aventuras:

Programe-se com antecedência: é preciso comprar a entrada no Parque, e, se preferir, também é preciso comprar a cama e o banho quente pelo site. Sai mais ou menos R$80,00 por pessoa. Há outras opções, como alugar uma barraca de acampar ou dormir no bivaque, que é o chão de madeira no segundo andar do abrigo. Acesse o site oficial do parque para comprar a sua entrada.


Roupas para subir e descer o Morro do Açú: roupas leves e confortáveis. Não há necessidade de casacos pesados para a caminhada. No máximo um anorak, uma dry fit manga longa ou um casaquinho corta vento. Normalmente calça de ginástica e camisa manga curta. O ideal é usar botas para caminhada, mas também dá pra ir com um tênis próprio para isso. São muitas pedras e alguns lugares que pedem um sapato com sola firme.

Bastões de caminhada: Redução da tensão localizada nos joelhos: Descida: com 1 bastão: -2%. com 2 bastões: -15%. Durante a caminhada você irá aliviar seus joelhos de 1.5 tonelada* de pressão. *Valor calculado para uma descida de 1000 metros em um declive de 50%. Subida: Com 2 bastões: 15% a menos de esforço muscular para suas pernas. Eu achei que não faria tanta diferença, mas no final, foi essencial ter o bastão! Ótimo para equilibrar e para aliviar o peso das costas! Você também pode comprar o seu no site da Netshoes.

Roupas para passar a noite: calça de lã e outra por cima para cortar vento. Blusa térmica, blusa de lã e casaco grosso são ótimas opções! Não esqueça de incluir gorro, cachecol e luva. É beeeeem frio, pode chegar a alguns graus negativos!


Saco de dormir: escolha um que aguente temperaturas bem baixas! Eu comprei o meu na loja online Alta Montanha, lá tem várias opções, de várias marcas e preços.


Lanterna: depois do pôr do sol, andamos um bom pedaço para ver a lua e depois até o abrigo. É importante levar a sua lanterna!


Dicas de Comidas para levar para o Açú: barrinhas de cereais, bananinha, barra de proteína, gel exceed, gatorade, água (no caminho passamos por alguns pontos onde podemos reabastecer, e no abrigo também podemos beber a água da pia, que vem direto de uma nascente). Para o almoço ou jantar a sugestão é preparar uma refeição com bastante carboidrato para repor as energias, como o macarrão. Outras ideias são batatinhas, linguiça calabresa, sanduíches, cup noodles, miojo, sopa de saquinho, etc



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